Após o aumento no número de encalhes de pinguins nas praias do Espírito Santo, monitoradas pelo Projeto de Monitoramento de Praias das Bacias de Campos e Espírito Santo (PMP-BC/ES), os animais que passaram por reabilitação estão no processo final de tratamento, com vistas à soltura. Em julho deste ano, houve o resgate de 50 pinguins em 15 dias, o que é considerado um número alto.

Para que seja feito o resgate de animais encontrados nas praias - como aves, quelônios e mamíferos – é necessário o acionamento do PMP através do número 0800 991 4800, informando a presença dos animais para que seja efetuado o resgate. É importante ressaltar que nenhum dos animais, estejam eles aparentemente bem, ou machucados, vivos ou mortos, devem ser tocados pela população. É necessário aguardar a equipe de resgate para que seja feito o manejo correto dos animais.




No caso dos pinguins, que são aves marinhas que habitam o imaginário popular – por serem retratados como dóceis, simpáticos e carismáticos – é ainda mais importante que não se aproxime ou importune os animais que, somente pelo fato de estarem na areia, já denota que estão fragilizados, machucados, doentes ou exaustos.

Isto ocorre porque os pinguins-de-magalhães (espécie que é encontrada em águas brasileiras), não chegam à praia, pois o mar é fonte de alimentação. Estes animais vivem em grupos na costa da Argentina, Chile e Ilhas Malvinas e vão ao mar na fase juvenil (no primeiro ano de idade). No oceano, exploram, buscam alimento, interagem com outros animais e, inclusive, dormem. Em alguns casos, seja por exaustão ou mesmo por alguma doença, eles tocam a costa, resultando em cenas como as que vimos no litoral do Espírito Santo em julho deste ano.

Quando o número do PMP é acionado para fazer o resgate dos animais, a equipe vai ao local para iniciar os protocolos de atendimento. Inicialmente, é feito o aquecimento das aves, que geralmente encontram-se com hipotermia (baixa temperatura corporal) e, em seguida, é realizado atendimento ambulatorial. É importante frisar que os animais são colocados em isolamento assim que chegam ao Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (Ipram), instituição executora que atua na área de abrangência do PMP-BC/ES para atendimento a essas aves marinhas.

Iniciada a quarentena, os pinguins passam a ser alimentados inicialmente com alimentação pastosa, passam por exames laboratoriais e clínicos e ficam em observação. Após este período, são separados em lotes a partir do estágio de evolução de cada um. Quando tratados e em recuperação, passam a ser alimentados com peixes inteiros e mudam-se para recintos em que nadam e interagem com os outros pinguins.



Uma vez recuperados das doenças, adquirindo peso e nadando, os pinguins passam para o estágio de pré-alta, momento que precede a soltura. No entanto, ainda permanecem monitorados para qualquer intercorrência de saúde. Os animais também recebem um microchip para identificação.



A soltura é feita somente quando os animais estão se alimentando corretamente, atingiram bons parâmetros de sangue (sem hemoparasitas), adquiriram peso e demonstram comportamento compatível com a vida na natureza. O período entre o resgate, tratamento e reabilitação total pode levar meses até que estejam em condições de serem reintegrados à natureza.




Embora ainda seja uma preocupação constante no Espírito Santo, nenhum dos pinguins resgatados no Estado estava infectado por influenza aviária ou desenvolveu a doença. As orientações sobre encontro de aves, no entanto, permanecem as mesmas. Não se deve tocar os animais para evitar contágio. Esse vírus pode contaminar outras aves e seres humanos que venham a ter contato com os animais doentes.

A realização do PMP pela Petrobras é uma medida de monitoramento exigida pelo licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama.