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DIA INTERNACIONAL DA MULHER: O EXEMPLO DAS LIDERANÇAS NAS COMUNIDADES

Atualizado em 11/03/2024

Postado em 08/03/2024

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Em 8 de março é celebrado o Dia Internacional da Mulher, data que joga luz à luta pela equidade de gênero, aos desafios diários que as mulheres enfrentam enquanto chefes de família, no mercado de trabalho, enquanto lideranças em suas áreas de atuação. No Espírito Santo, diversas mulheres se destacam referências para comunidades tradicionais e buscam, com bravura e persistência, melhorar as condições de vida, impulsionar a educação e fortalecer os laços comunitários, demonstrando a influência transformadora que podem exercer.

Um exemplo disso é a presidente da Associação dos Pescadores e Extrativistas e Remanescentes de Quilombo do Degredo (ASPERQD), no município de Linhares, Cleia Silva Costa, que está no segundo mandato e sempre trabalhou pela comunidade. Dona Cleia, como é conhecida, tem três filhos, nasceu na comunidade e nela permanece, mantendo unidos os moradores por meio da resistência, da tradição e da cultura local, além de buscar oportunidades de geração de emprego e renda para as famílias.

Nas palavras dela, “a precisão faz o sapo pular”, ou seja, foi da necessidade da comunidade que surgiu a militância formal à frente da associação. Dona Cleia conta que, em 2005, foi convidada a subir no palco de uma solenidade em Brasília e as pessoas não conheciam o Território Quilombola de Degredo e que, naquela época, não havia energia elétrica e quase nenhum serviço público na região. A partir daí, iniciou uma mobilização para estruturar a Associação, que já alcançou melhorias neste período.

A energia elétrica chegou, mas alguns desastres aconteceram nesses quase 20 anos. Um deles, e que afetou frontalmente a comunidade, foi o rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais, que contaminou o Rio Doce e, consequentemente, afetou não somente a atividade pesqueira na região, mas também outras culturas, como a produção de mel e criação de animais. Então, foi mais uma vez o momento de arregaçar as mangas e buscar novas oportunidades de geração de emprego e renda.

Também neste período, a comunidade foi atendida com a construção da Fábrica de Biscoitos, capitaneada por Dona Cleia, uma ação relacionada ao Plano de Compensação da Atividade Pesqueira (PCAP Camarupim), sendo construída e equipada pela Petrobras, que forneceu matéria-prima durante o primeiro ano de funcionamento. Com a operação já em andamento e fornecendo os produtos para empresas e órgãos públicos, houve a pandemia de Covid-19, que paralisou as atividades por um período, afetando o faturamento.

Com o retorno pleno das atividades, após o fim da pandemia, Dona Cleia recuperou alguns dos contratos anteriores e colocou a produção, de novo, nos trilhos.

Mesmo diante de tantos desafios diários, Dona Cleia não tem nenhuma intenção de sair de Degredo, mas de continuar a trabalhar pela comunidade, assim como os filhos. “Quando se faz o que gosta, tudo é prazeroso”, diz ela, que também lidera o Jongo de Degredo, uma representação cantada da luta da população negra daquela região que representa, atualmente, a resistência da cultura quilombola local.

Líderes na atividade da pesca

Nos últimos anos, a atuação de mulheres tem sido destaque na cadeia da pesca, com a organização e engajamento das mulheres na luta pela garantia de direitos dos pescadores artesanais. Nacionalmente, as mulheres são 49% dos pescadores no País.

Atualmente, as mulheres estão presentes nas associações de pescadores artesanais, quando não na presidência, na gestão das entidades, o que é visto como um avanço. Mulheres pescadoras também estão buscando inserção no meio político, se candidatando a cargos eletivos, o que também é visto como avanço na luta por direitos. O Espírito Santo, inclusive, tem uma representante na Associação Nacional das Pescadoras.

No Estado, além das mulheres que são referências em comunidades, também há lideranças constituídas por mandatos em associações e colônias pesqueiras, mantendo viva a tradição para além da renda familiar.

Economia Criativa




O Projeto de Educação Ambiental Redes de Cidadania Fase 2 (PEA-RdC) concluiu recentemente uma oficina de Economia Criativa com mulheres do município de Aracruz (foto acima), mais precisamente das comunidades pesqueiras de Santa Cruz, Barra do Riacho e Barra do Sahy, com foco no acesso a oportunidades de geração de emprego e renda. O Projeto é uma medida mitigadora exigida pelo licenciamento ambiental federal, conduzido pelo IBAMA.

A formatura da turma acontece em 15 de março e a inciativa teve acolhimento tal que foi aplicado um módulo avançado da oficina, com extensão de carga horária. O curso foi aplicado a fazedoras de cultura, interessadas em fomentar e divulgar os saberes e atividades das próprias comunidades.

Ao fim da oficina, as alunas terão a possibilidade de inscrever os projetos em editais, disseminando a cultura, turismo e potencialidades locais. Entre os exemplos de projetos desenvolvidos nas oficinas estão a contação de histórias do congo através do artesanato de bonecos, feito por uma aluna de Santa Cruz; e a proposta de um livro por parte de outra participante, da Barra do Sahy, que transforma em lendas as “histórias de pescador” contadas pelo próprio pai. Apesar de se tratar de uma oficina de Economia Criativa, a iniciativa focou principalmente em trazer as comunidades para o centro, estimulando o pensar, o resgate histórico e a cultura de pertencimento local.

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